ESPERANDO POR DIAS MELHORES
Uma mistura de ansiedade, tristeza e desesperança. O noticiário, as redes sociais nos bombardeiam de notícias tristes, que revelam descaso, falta de ética, falta de compaixão e empatia para com o outro.
Pessoas que furam fila para se vacinar, que roubam e escondem oxigênio e seringas para vender...enquanto milhares de pessoas morrem. Muitas pessoas dizem (e eu acredito) de que esse momento tem muito para ensinar a humanidade a melhorar, transformar...
Enquanto dias melhores não chegam para todos, a coragem e firmeza para encarar os fatos e fazer diferente alimenta a esperança de que o bom virá. Nas dificuldades, a força e a fé são instrumentos que nos fazem caminhar.
“Vivemos esperando
Dias melhores
Dias de paz, dias a mais
Dias que não deixaremos para trás
Vivemos esperando
O dia em que seremos melhores
Melhores no amor, melhores na dor
Melhores em tudo
Vivemos esperando
O dia em que seremos para sempre
Vivemos esperando
Dias melhores pra sempre
Dias melhores pra sempre
Pra sempre...."
( uma canção de Jota Quest)
Janaína Mendes
Paralelamente a todos os terríveis impactos físicos causados pela Covid-19, essa crise exigiu um mergulho fundo nas emoções nesses últimos meses.
A ansiedade foi se desdobrando em diversos outros sentimentos como incômodo, raiva, tristeza, angústia, frustração, indignação, preocupação, receio, medo, surpresas.
Aprendemos que vale a pena viver cada dia da melhor maneira possível, cuidar de si e dos outros...seguir em frente, pôr-se em movimento mesmo nas adversidades.
Como diz Clarissa Pinkola, "Sabe-se que o que está em movimento não se congela. Por isso, mexa-se. Vá em frente... Há sempre outras oportunidades para acertar, para moldar nossa vida do jeito que merecemos que ela seja."
A vida é um eterno aprendizado e sempre há algo a descobrir e ressignificar para além do que está "evidente" aos nossos olhos e ouvidos. Não podemos nos recusar a aprender além do momento presente, pois há muito mais vida para além das dores.
Janaína Mendes
VIDA - MORTE - VIDA
Mais de 200mil mortos, quase 1 ano de pandemia e os lutos são parte do cotidiano. Luto pelas vidas perdidas, pelo desemprego, pela fome, pela miséria de muitos, pela ignorância e egoísmo de tantos outros... Cada um vai seguindo o caminho e suportando as adversidades ao seu modo, na difícil tarefa de captar a situação temporal, permitindo a morte àquilo que deve morrer, e a vida ao que deve viver, de acordo com a realidade de cada um. Uma realidade intensa e complexa sob a regência de um vírus.
Todo dia é um recomeço e precisamos ter a capacidade de suportar o que se vê, transmutando e ressignificando as nossas vidas. Porque mesmo na dificuldade, é preciso saber viver.
Janaína Mendes
Não estamos no mesmo barco, mas eu acredito em dias melhores!
Cheguei em 2021, meu Deus, obrigada! Depois de um ano assustador, complexo e cheio de incertezas, tristezas, lutos e medos, a esperança por dias melhores me move.
Mesmo com tantos acontecimentos e notícias que nos deixam estarrecidos com o comportamento humano, sigo na construção de laços de afeto e a certeza de que algo melhor virá para aqueles que estão atentos. Atentos para o amor, para a cumplicidade, amizade e compreensão.
Não vale a pena cobrar do outro; o entendimento e as formas de lidar com a vida são individuais e dialogam com o barco que cada um tem para velejar nessa mesma tempestade, a qual toda a humanidade está passando.
Sim, com certeza, não estamos no mesmo barco. Alguns com muito, outros tantos com tão pouco....muito ou pouco de tudo, não só de bens materiais, mas também de recursos emocionais, psicológicos, éticos....
Não cobrar, não quer dizer ficar omissa ou não se posicionar diante de uma questão tão grave, que é esta pandemia, mas é saber compreender as adversidades do mundo e dos sujeitos que habitam esse mundo, utilizando as nossas melhores ferramentas em prol do outro e de nós mesmos.
Trilhar o nosso caminho com sabedoria, cuidado, amor ao próximo será sempre um farol para aqueles que estiverem atentos. E que esse farol continue aceso para despertar caminhos melhores possíveis.
Eu acredito.
Desejo a todos um Feliz Ano Novo!
Rute Argolo
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| Imagem: Nelson Almeida/AFP 100 MIL NÃO É SÓ UM NÚMERO! |
São 100 mil histórias de vida interrompidas e que impactam tantos outros milhões de homens, mulheres e crianças neste país. Isso causa um sentimento de vazio, tristeza... É a realidade nua e crua de um comportamento humano, onde prevalece a falta de cuidado, empatia e amor ao próximo. É a constatação cruel da selva em que vivemos.
Sim, nós homens, detentores da “consciência”, que nos faz acreditar que somos mais evoluídos do que os outros animais, vivemos como na selva; na luta diária pela sobrevivência individualista, sem perceber que matamos a nós mesmos quando não pensamos na coletividade.
Preparo-me para voltar ao trabalho com imenso medo. Mas as regras estão impostas e eu preciso sobreviver e dar condições de sobrevivência para minha família. O capitalismo não escuta essas questões emocionais. Medo, insegurança, crises de ansiedade, tristeza, LUTO... isso tudo não é contabilizado nos bancos. Não sei o que de fato pode acontecer. Mas quem é que sabe? Será que temos condições de mensurar todas as coisas? Há muitas coisas que continuarão sem respostas e é preciso aprender a lidar com esse desconhecido. É o que temos pra hoje.
É muito confuso e angustiante.
Juliane Santos Silva
VIVER COM O "NÃO SABER"
Nestes tempos de distanciamento social, o tempo cronológico parece não fazer muito sentido. Sem hora pra acordar, comer ou dormir, o trabalho remoto acontece em meio as aulas dos filhos, lives, mensagens do whatsapp. Tenho a sensação que tudo vai se emendando e o caos se faz presente.
Alterno momentos de alegria, reflexão, tristeza, saudosismo... ansiedade. As emoções estão à flor da pele e eu não sei bem o que fazer com isso. É uma sensação estranha que me causa um certo medo. Logo eu que sempre achei que podia ter tudo planejado, respostas prontas para as minhas questões e dos outros também.
Essa semana me permitir viver o “não saber”! Não saber lidar com as atividades domésticas, não saber como resolver as questões familiares, não saber como controlar a ansiedade dos filhos, não saber se o trabalho está correto ou não, não saber se sou boa mãe, filha, amiga, mulher....porque eu percebi que o não saber também é viver.
É uma pausa para viver comigo mesma e com o que aparecer, sem precisar de respostas; apenas sentir.
Em muitos momentos, saber demais cansa.
