O GRITO

maio 13, 2020


O GRITO

Surtei, gritei, "larguei o doce", bati a porta, me joguei no abismo do desespero; paciência tem limite, já deu por hoje, por ontem, por mais de uma semana ou mês.
Chororô, teima, zanga; corpo mole de uns, manipulação e crítica de outros.
Tem que dar conta, mas tem horas que o leite ferve e derrama, o ar falta e o grito entalado na garganta precisa sair, para mais uma vez perceber que não há controle, nem da situação, quiçá de si. 
Acorda pra vida e vê que acomodar-se é acovarda-se.
Tem muita coisa ainda pra melhorar e é difícil remar só, regar só. 
Pouca ajuda é quase nada; aceitar migalhas é demasiado humilhante.
O grito é de socorro, de cansaço.
O grito é pra dizer, estou aqui, me respeite.
O grito é pra fazer a terra tremer, sacudir tudo e todos, sobretudo os mais próximos.
Contudo tem que juntar os caquinhos, tem que respirar fundo, orar, vigiar e descansar, porque a vida continua e desistir não dá. 


Laila Hayat.

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